21 de novembro de 2024
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Mister M – Uma inspiração de vida

Diego dos Santos, O Mister M traz um testemunho poderoso de como é possível se superar e se reinventar

A história de Diego dos Santos, conhecido como Mister M, é inspiradora e repleta de superação. Ele enfrentou desafios significativos, incluindo envolvimento em atividades criminosas após ser atingido por um tiro e impossibilitado de continuar suas práticas esportivas. No entanto, encontrou apoio decisivo de José Júnior do AfroReggae, que viu potencial nele e o incentivou a deixar a vida criminosa.

A persistência de Júnior e o apoio de sua mãe foram fundamentais para a mudança de Mister M. A decisão de deixar a vida no crime e buscar uma nova trajetória o levou ao AfroReggae, onde teve a oportunidade de desenvolver habilidades em diferentes áreas, desde trabalhar como assistente de câmera até modelagem e desfile em grandes eventos de moda.

A transição para a atuação veio mais tarde, com Mister M testando para uma série da produtora AfroReggae Audiovisual. Apesar da vergonha inicial, ele superou seus receios e teve sucesso em seu primeiro papel na série “O Jogo que Mudou a História” e posteriormente em “A Divisão”. Essa experiência abriu portas para mais oportunidades na área, incluindo participações em novelas e filmes.

A história de Diego dos Santos é um testemunho incrível de como é possível superar circunstâncias difíceis, reinventar-se e construir uma nova vida. Sua jornada não apenas o transformou em um ator talentoso, mas também o levou a se tornar membro da Diretoria Executiva do AfroReggae, contribuindo para a missão da organização em promover oportunidades e transformar vidas em comunidades marginalizadas.

“Posso Dizer Que Venci”

Aos 15 anos, eu já trabalhava como mototaxista no Complexo do Alemão e praticava jiu-jitsu e judô na Vila Olímpica. No meu aniversário de 16 anos, aconteceu uma troca de tiros e fui atingido. O tiro foi além do meu joelho esquerdo; impossibilitado de treinar, fui me aproximando “dos caras”. Quando percebi, já estava envolvido e andando armado.

Em 2005, vi o Júnior do AfroReggae pela primeira vez. Ele veio em minha direção, perguntando meu nome e se eu não queria sair daquela vida. Num primeiro momento eu disse que não. Mas ele sempre voltava e perguntava de novo, aí acabei dizendo que sim, que sairia!! Persistente, seguia me perguntando: “quando? quando? quando?…”.

Em outra visita, me segurou e disse: “vou te levar daqui, vou tirar você do crime”. Chegou até a pedir ao responsável na época para me tirar do crime, disse que eu tinha “cara” de artista, que eu era pintoso e bonito.

Em 2010, durante a ocupação no Alemão, minha mãe, Nilza Maria, foi até lá para conversarmos. Eu disse que não queria mais aquela vida; e então ela disse: “Vamos embora!”. Desci o Alemão em direção à delegacia; na ocasião, usava uma camisa da Reserva, não imaginava o que isso viria significar.

Na delegacia, nem bem passou 30 minutos e o Júnior apareceu lá. Apertou minha mão e me perguntou se eu queria trabalhar. Eu disse que sim, e ele falou que quando eu saísse do sistema prisional, já teria um trabalho no AfroReggae. Os nove meses atrás das grades foram desafiadores, mas também foi um período para repensar tudo que vivi.

Quando eu saí, fui direto para o AfroReggae. Comecei a trabalhar como assistente de câmera e fiz um curso de edição de vídeos. Fui modelo do Selo AR com a Reserva e modelo fotográfico da Natura e Chico Rei. Pude desfilar no São Paulo Fashion Week. Também passei pelo futebol americano, representando o Botafogo e Flamengo FA, mostrando que sempre há alternativas. Mas eu acreditava que seguiria atrás das câmeras.

Mas quando foi em 2018 testei para uma série da produtora AfroReggae Audiovisual, sendo aprovado, mas a vergonha me impediu de aceitar. Após mais um teste, persistiram e me enviaram dois personagens para estudar e escolher.

Começou a preparação do personagem. No primeiro dia já tinha uma improvisação com o Jonathan Azevedo e pensei “tô lascado”. Mas foi neste dia que conheci a Isadora Ferrite. Ela falou uma coisa no meu ouvido e outra no do Jonatan e disse: “podem começar”. Fiquei nervoso, mas Isadora disse que “mandei bem”. Ela perguntou inclusive se eu já era ator e disse que eu poderia focar nisso pois ia “dar bom”! Fiz o meu primeiro trabalho como ator na série “O Jogo que Mudou a História” e depois fiz a Divisão, ambos da AfroReggae Audiovisual para a GloboPlay.

Segui conversando com a Isadora. Ela me perguntou se eu gostaria de fazer teatro e me contou que fez na CAL. Falei: “maneiro, vou fazer”, era só um comentário, mas ela perguntou: “vai mesmo?”.

Certo dia, Isadora me disse que abririam inscrições para uma prova na CAL. Disse para ela que não iria fazer por conta das séries que estávamos gravando. Mas num sábado, ela me liga pedindo meus documentos e já na segunda-feira recebo um e-mail da CAL com a confirmação do cadastro e o dia da prova.

Estudei e fiz a prova de interpretação na casa da Isadora. Foi quase um mês de espera, mas fui aprovado e conseguimos passar para a CAL, a conhecida Escola das Artes de Laranjeiras.

A partir de então já fiz duas séries, participação em uma novela e atuei no filme “A vida de cada um” com direção do Murilo Sales. Fui consultor das séries “Arcanjo Renegado 3” e “Veronika”. E neste mês teve início o terceiro período do curso de Bacharelado em Teatro.

É muito bom chegar em casa, abrir a porta e ver meu filho correndo. Quando vai dormir, ele vem me dar um “boa noite pai”. Hoje eu treino jiu-jítsu com minha filha de 14 anos; posso ouvir meu filho dizer que vai ser igual a mim e isso é a minha maior vitória.

Sou Diego dos Santos, conhecido como Mister M; e há 13 anos atrás, eu só pensava em ficar vivo no outro dia. Hoje sou membro da Diretoria Executiva do AfroReggae.

Deus, estamos vencendo!